Ciúme Patológico

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O ciúme é um sentimento normal em qualquer tipo de relação. Os psicólogos Ayala Pines e Elliot Aronson definem o ciúme como uma “reação complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade”. Mas até onde o ciúme é saudável? Quando ele se torna um ciúme patológico?

Portanto, continue o texto para entender. 

O que é Ciúme Patológico?

O Ciúme Patológico, ou também chamado de Ciúme Mórbido, Ciúme Delirante e Síndrome de Otelo, é um transtorno psicológico caracterizado pelo constante pensamento de que o seu cônjuge ou parceiro está te traindo, mesmo sem ter nenhuma prova, e pelos comportamentos possessivos com o seu parceiro.

A pessoa com esse transtorno faz repetidas acusações de que seu parceiro está sendo infiel. O Ciúme Patológico pode estar fortemente associado à ações como o stalking, o cyberstalking, a sabotagem e, até mesmo, a violência. Além disso, a pessoa com Síndrome de Otelo pode ter esquizofrenia e transtornos classificados como delirantes, como o Transtorno Bipolar. Alcoolismo e disfunção sexual podem também estar relacionados com o Ciúme Patológico.

A psiquiatria vê o Ciúme Patológico como uma espécie de paranóia, que é um transtorno caracterizado por delírios de perseguição e temor imaginário de ser vítima de conspiração. Na cabeça do ciumento, a linha entre a imaginação, a fantasia, a crença e a certeza é vaga, imprecisa, tornando as ideias delirantes.

A pessoas com Síndrome de Otelo tende muitas vezes violar a privacidade do seu parceiro e limitar a sua liberdade. Isso muitas vezes acontece para que a pessoa com ciúmes alivie esse sentimento, no entanto a dúvida apenas se intensifica.

Formas da Síndrome de Otelo

O Ciúme Patológico possui 3 formas. São elas:

  • Obsessões: os pensamentos do indivíduo são egodistônicos, ou seja, seus comportamentos, sentimentos e valores estão em conflito com as necessidades e objetivos do seu ser. Essas pessoas são insensatas e contidas, e veem os pensamentos de ciúme como intrusivos e exagerados.
  • Obsessões extremas: os pensamentos de ciúme ocupam boa parte do tempo e são difíceis de serem ignorados. Isso pode comprometer o relacionamento e limitar a liberdade do parceiro.
  • Ilusões: os pensamentos dos indivíduos são egossintônicos, o contrário de egodistônico. São pessoas muitas vezes verdadeiras e não se contêm. Muitas vezes a pessoa cria situações em sua cabeça como se o parceiro estivesse querendo lhe prejudicar.

Sintomas

O Ciúme Patológico pode ter sintomas e características físicas ou comportamentais. Os sintomas físicos são:

  • insônia,
  • falta de apetite,
  • paranoia,
  • dificuldade de concentração.

Já as características de comportamento são:

  • Sentimento de desconfiança constante.
  • Ligar e mandar mensagens várias vezes durante o dia, com o intuito de monitorar o parceiro.
  • Atitudes agressivas e violentas.
  • Ameaçar e chantagear, tanto emocional quanto fisicamente, o parceiro.
  • Pensamentos irracionais e sentimentos intensos.
  • Ações voltadas para procurar provas da traição.

Tratamento

Como a Síndrome de Otelo atinge vários estados psiquiátricos, é importante que o paciente fique em constante observação. Isso se deve porque os prognósticos variam para cada pessoa. Além disso, fatores externos podem interferir no tratamento, como por exemplo o alcoolismo. 

A psicoterapia pode ser uma forma de tratamento, mas não é possível afirmar que ela irá solucionar o problema, já que ele pode ter diferentes gravidades. Não é possível também definir um tratamento específico para a Síndrome de Otelo por conta da variabilidade da síndrome.

Existem atitudes médicas, psicológicas e sociais que podem ajudar a gerenciar o Ciúme Patológico. As médicas são:

  • tratamento da condição psiquiátrica primária,
  • medicação antipsicótica e/ou antidepressiva.

Já as atitudes psicológicas são:

  • educação psicológica para o ciumento e o seu parceiro,
  • psicoterapia individual, familiar e/ou de casal,
  • psicoterapias orientadas para o insight.

Por fim, as atitudes sociais são:

  • separação geográfica dos parceiros,
  • envolvimento do trabalho social em questões de proteção à criança, caso tenha uma envolvida,
  • tratamento de vício de álcool e outras substâncias psicotrópicas.

Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil

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