Psicanálise: o que é, quais as técnicas e as dúvidas

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A Psicanálise é uma das abordagens terapêuticas disponíveis em Psicologia e que foi desenvolvida por Sigmund Freud (1856-1939). 

Alguns autores denominam a Psicanálise, também, de “psicologia profunda”. Esse tipo de abordagem terapêutica usa como principal instrumento a interpretação.

E o método de tratamento tem como fins terapêuticos:

  • a exploração do inconsciente, 
  • a resolução de conflitos básicos e restauração,
  • a transformação global da personalidade do paciente.

História da Psicanálise

A história da Psicanálise está diretamente relacionada com a história de seu criador Sigmund Freud. 

Em 1900, ocorreu a publicação do livro “A Interpretação dos Sonhos” que foi o marco inicial da Psicanálise. 

A Psicanálise teve um contexto histórico que influenciou seu crescimento pelo mundo. Por exemplo, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) contribuiu para a disseminação dessa abordagem terapêutica. 

No entanto, houve uma dificuldade de aceitação da Psicanálise nos seus primeiros anos. Afinal, se tratava de um tabu para a sociedade da época. Porque, nessa época, as pessoas não acreditavam em tratamentos psicológicos, apenas em tratamentos de doenças com sintomas orgânicos.

Freud desenvolveu uma série de conceitos, teorias e metodologias que serão abordados nos tópicos seguintes. 

Sigmund Freud

Sigmund Freud nasceu em Freiberg in Mähren, 6 de maio de 1856,  em uma família judaica. Foi um médico neurologista e psiquiatra. E morreu em 23 de setembro de 1939.

O médico iniciou seus estudos através da utilização da hipnose no tratamentos de histeria. 

Em seguida, Freud elaborou a hipótese de que as causas da histeria teriam uma razão psicológica. Essa primeira ideologia foi o embasamento para o desenvolvimento de outras hipóteses de Freud.

Adicionalmente, Freud era, também, conhecido por teorias como:

  • Complexo de Édipo.
  • Repressão Psicológica.
  • Associação Livre.
  • Interpretação dos Sonhos.
  • ID, Ego e Superego.
  • Entre outros.

Freud desenvolveu, também, a Teoria de Desenvolvimento Psicossexual. E acreditava que a energia motivacional primária da vida humana era o desejo sexual.

Por fim, suas teorias eram inovadoras para o século XIX. Entretanto, ainda há muitas polêmicas, dúvidas e debates em cima delas. Suas ideologias foram base de diversos estudos na área da Psicologia. 

Qual a diferença entre Ego, Superego e ID?

De acordo com Freud, as instâncias que são formadoras da psique humana são:

ID

O ID é o componente que nasce com os indivíduos, ou seja, o componente nato. E assim as principais características são:

  • Ser a base da energia psíquica.
  • Estar relacionado com os instintos. 
  • Ser inconsciente e impulsivo.

O ID é formado pelos comportamentos orgânicos, pelos impulsos e pelos desejos. Ademais, o ID não sabe lidar com frustrações e desconhece a inibição, a lógica, a moral e os valores.

Por meio do ID é desenvolvido as outras etapas da personalidade humana – o Ego e o Superego.

Ego

O Ego é caracterizado por ser o aspecto racional da personalidade. É responsável por controlar os instintos e ser mediador na relação entre ID e Superego. 

O Ego é chamado, também, de “princípio da realidade” e representa a razão. O principal cargo do Ego é mediar, de forma harmônica, os desejos do ID e a repressão do Superego.  

Por fim, o Ego é responsável por equilibrar a psique. Desse modo, a personalidade do indivíduo consegue se manter com a consciência sã. 

Superego

O Superego é a parte moral da consciência humana. É o que representa os valores da sociedade.

Os principais objetivos do Superego são:

  • Repressão de impulsos que vão contra as leis, valores e ideais. 
  • Controle das atitudes do Ego, para se agir de maneira moral.
  • Condução da perfeição do indivíduo.

A formação do Superego ocorre depois da formação do Ego. Assim, a atuação do Superego é através de conselhos para o Ego.

As ideologias do Superego são dualistas – certo ou errado. Dessa maneira, o Superego sempre está em conflito com o ID.

Conforme Freud, o Superego é desenvolvido a partir dos cincos anos de idade. Em razão do contato com a sociedade. 

Técnicas Psicanalíticas

Associação Livre 

Associação Livre é uma técnica utilizada na Psicanálise para auxiliar os pacientes a aprender mais sobre os seus pensamentos e os seus sentimentos. 

Freud utilizou essa técnica psicanalítica para descobrir os sentimentos inconscientes das pessoas. Então, quando o paciente compreende seus sentimentos, eles conseguem mudar os seus comportamentos problemáticos.

Nessa técnica da Psicanálise o paciente é orientado a falar o que lhe vem à mente. Assim, o paciente não segue uma orientação de qual direção deve seguir. 

Nessas sessões apenas a pessoa fala e o psicólogo exerce sua função analisando cada detalhe do paciente.

A Associação Livre não tem como primazia o de descobrimentos de memórias ocultas, mas, sim, de identificar pensamentos, atitudes e sentimentos negativos.

Interpretação dos sonhos

Freud publicou um livro com o nome de “Interpretação dos sonhos”. Nesse livro era abordado conceitos como  o pré-consciente, o inconsciente e a relação dos sonhos. O objetivo era conseguir acessar o inconsciente e, assim, tratar quadros de histerias e transtornos mentais.

De acordo com Freud, os sonhos possuem uma linguagem que é chamada de símbolos. Então, os sonhos possuem uma linguagem que está interligada com os desejos ocultos. 

Portanto, a Associação Livre e a Interpretação dos Sonhos trabalham em conjunto na Psicanálise. 

Complexo de Édipo

O complexo de Édipo é baseado em um mito grego e foi criado por Sigmund Freud. Esse fenômeno se trata, basicamente, de um alto vínculo afetivo com a mãe e, além disso, de uma rivalidade extrema com o pai. 

Na Mitologia Grega

O Rei Laio recebeu a mensagem de um oráculo que lhe disse que seu filho o mataria quando fosse adulto. Logo, quando o garoto nasceu, o pai entregou a criança à um pastor, que amarrou o garoto de cabeça para baixo em uma árvore. 

O garoto foi deixado para morrer, mas outro pastor o encontrou e o salvou. O menino recebeu o nome de Édipo e foi levado para outro reino, onde foi adotado pelo Rei Pólibus. 

Na sua fase adulta, após descobrir que não era um filho legítimo da realeza, Édipo voltou a Tebas. Conforme a profecia, Édipo matou seu pai e assumiu seu lugar no trono.

Em seguida, Édipo se casou com a rainha viúva e que, também, era sua mãe. 

Na Psicanálise

Durante a etapa de desenvolvimento da personalidade dos garotos, eles desenvolvem uma relação afetiva e peculiar com a mãe. Além disso, o menino começa a enxergar o pai como um adversário.

Essa fixação excessiva pela progenitora ocorre entre os 3 e os 7 anos de idade. Normalmente, essa rejeição pelo pai é superada e o desejo pela mãe eliminado.

No entanto, há casos em que a pessoa não consegue superar essa fase do desenvolvimento.

O indivíduo chega à fase adulta ainda preso nessa etapa de sua vida. Desse modo, o Complexo de Édipo se torna um quadro patológico e precisa de tratamento psicológico.

De acordo com Freud, o Complexo de Édipo é encarregado pela quebra das relações simbióticas, ou seja, é responsável por inserir a criança na realidade.  

Quando há uma dificuldade de eliminar essas fantasias e identificar a figura paterna, é possível que ocorra a dependência e imaturidade na fase adulta. 

Complexo de Electra

O Complexo de Electra, também, é baseado em um mito grego e foi criado pelo psicólogo suíço Carl Jung. Esse fenômeno se trata de uma preferência pela figura do pai e de uma rivalidade com a mãe. 

Na Mitologia Grega

Há diferentes versões sobre a história de Electra e sua origem. Por isso vamos contar uma dessas vertentes.

A garota é movida por um sentimento de vingança. Pelo fato de que o pai de Electra foi morto pela esposa, a mãe da garota, e pelo amante. Dessa forma, a garota mata sua própria mãe, mesmo após a mãe ter confessado que amava a filha. 

Na Psicanálise

Durante o desenvolvimento psicossexual da garota, é criado uma preferência extrema pelo pai. Por conseguinte, há, também, o desenvolvimento de um sentimento de rivalidade em relação à figura materna. 

Geralmente, essa etapa finaliza entre os 6 ou 7 anos de idade. As meninas começam, então, a demonstrar uma afinidade com a mãe. 

O Complexo de Electra é, também, conhecido como “Complexo de Édipo Feminino”. Quando esse quadro não é resolvido ou tardio, a menina começa a demonstrar comportamentos negativos com a progenitora. A melhor forma de tratamento é buscar ajuda psicológica. 

Fases do desenvolvimento Psicossexual

A teoria do desenvolvimento psicossexual descreve como a personalidade é desenvolvida durante a infância. Apesar de ser uma teoria muito conhecida dentro da Psicanálise, é também uma das que apresenta maiores controvérsias.

Freud dizia que o desenvolvimento da personalidade era baseado em uma série de etapas durante a infância. Dessa forma, as características do ID se tornavam centralizadas em determinadas áreas erógenas. 

De acordo com a Teoria Psicanalítica, a personalidade é determinada aos cincos anos de idade.

As primeiras vivências fazem um papel importante no desenvolvimento da personalidade. 

Há 5 fases do desenvolvimento psicossexual: 1) O Estágio Oral, 2) O Estágio Anal, 3) A fase fálica, 4) O período de latência e 5) O Estágio Genital.

Estágio Oral

Período: nascimento – 12 meses.

Na fase oral a fonte primária ocorre através da boca no ato da amamentação.  A boca é vital para alimentação da criança. Através da sucção ocorre a estimulação oral. 

Os cuidadores são totalmente responsáveis pela alimentação da criança. Em razão disso ocorre o desenvolvimento de uma relação de confiança e de conforto entre a mãe e a criança. 

O principal desafio nessa fase é o processo de desmame. Afinal, a criança deve estabelecer um vínculo menos dependente com os pais. 

Há casos em que ocorre a fixação por essa etapa. Conforme Freud, essa afeição extrema geraria indivíduos com problemas de comportamento, como agressão e dependência. 

Estágio Anal

Período: 1 – 3 anos.

Freud acreditava que a primazia dessa fase estava no controle da urina e das evacuações. 

O principal desafio nesse período é saber utilizar o banheiro, ou seja, a criança tem que aprender a ter um controle de suas necessidades corporais. O aprendizado resulta em um sentimento de independência.

É recomendado o uso de recompensas quando a criança utilizar o toalete de maneira correta. 

Segundo Freud, ter uma vivência positiva, durante esse período, resulta em personalidades produtivas, criativas e competentes. 

No entanto, pessoas com um desenvolvimento inadequado podem resultar ou em personalidades destrutivas e confusas ou em personalidades rigorosas, rígidas e obsessivas.

A Fase Fálica

Período: 3 – 6 anos.

O foco principal da fase fálica é o libido em cima dos órgãos genitais. Nesse momento é descoberto a diferença de sexo – homem e mulher. 

É nessa fase em que ocorre o surgimentos do Complexo de Édipo e o Complexo de Electra. Eventualmente, as desavenças com o progenitor do mesmo sexo vão se extinguindo. 

O Período de Latência

Período: 6 – início da puberdade.

No Período de Latência, a libido é reprimida e é controlada através do Ego e do Superego. 

Freud dizia que essa etapa se iniciava no período em que as crianças começam a frequentar a escola e, além disso, se tornarem mais preocupadas com as relações interpessoais. 

Nessa fase a exploração da energia sexual está presente, porém é exercida em outras áreas, como interações sociais e atividades intelectuais. 

O Estágio Genital 

Período: puberdade – falecimento

Na fase do Estágio Genital, o indivíduo irá estabelecer um alto desejo sexual pelo sexo oposto. Normalmente, essa fase se inicia com a puberdade e dura o resto da vida da pessoa. 

Essa etapa só é equilibrada se as fases anteriores tiverem sido concluídas com êxito. Por fim, o objetivo desse período é estabelecer um equilíbrio entre todas as áreas da vida.

Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil

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