Traição exige maturidade de ambas as partes

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Traição exige maturidade de ambas as partes e perdão é algo possível

Andréia Castro

Especial para o Jornal de Brasília

No final de julho, a atriz Kristen Stewart, 22 anos, conhecida pela saga Crepúsculo, virou o centro das atenções depois que fotos dela trocando beijos e carinhos com o diretor Rupert Sanders, 41, vieram à tona. A traição abalou sua relação com o então namorado Robert Pattinson, 29, ator que faz par romântico com a ex nas telonas. Os traidores Kristen e Rupert, que é casado, se pronunciaram publicamente, mas Robert preferiu o silêncio.

Revistas de fofoca afirmam que o ídolo teen estaria de coração partido e furioso, além de ter se mudado da casa em que morava com Kristen. Duas palavras difíceis de conciliar, traição e perdão caminham lado a lado e, durante a tempestade, parece impossível enxergar uma solução. Desejo de vingança, depressão, vontade de matar e de morrer são sentimentos vividos pelo traído.

“O primeiro passo é descobrir se ambos desejam realmente manter a relação. Depois disso, é preciso passar por alguns estágios, difíceis e dolorosos, que envolvem muita mágoa”, explica o terapeuta de casais Fábio Caló, do Instituto de Psicologia Aplicada (InPA).

Segundo Fábio, esse não é um momento fácil e demanda tempo e mudanças severas de comportamento. “Responsabilizar o outro e se eximir de toda a culpa não é o caminho indicado”, esclarece. “Acima de tudo, é necessário maturidade para enfrentar o problema. Os dois necessitam ter clareza da importância e da qualidade da parceria. Caso contrário, o perdão não ocorre de verdade”, completa o terapeuta.

O arquiteto Gustavo (nome fictício), 31, conseguiu o que parecia impossível: perdoou a namorada numa fase crucial do namoro e deu a volta por cima. Casou-se e, hoje, tem um filho com a mulher que um dia o fez pensar em tirar a própria vida.

“Tinha convidado ela para morar comigo e, culpada, ela resolveu abrir o jogo. Não perdoei de imediato. Xinguei, briguei, mandei sumir da minha frente, mas depois de várias noites sem dormir e muitas lágrimas derramadas, percebi que também tinha culpa e que, antes mesmo de ela me enganar, o namoro ia mal por minha causa. Vi que não valia a pena jogar tudo fora por um erro momentâneo e justificado”, confessa.

“Quando o relacionamento vai mal, ambos têm culpa. Na terapia, buscamos esse reconhecimento e que o casal tenha coerência para buscar novas regras para seguir adiante”, afirma Fábio Caló.

Motivos dos infiéis

Considerados culpados até prova em contrário, os homens têm a fama de trair bem mais que as mulheres. Mas, diferente do que a maioria possa pensar, eles traem menos pela falta de sexo conjugal e mais devido a motivações emocionais. Quem garante é o terapeuta de casal americano M. Gary Neuman, no livro A Verdade Sobre a Traição Masculina, que figurou por meses entre os mais lidos no New York Times.

Neuman entrevistou cem homens fiéis e infiéis. Na pesquisa, perguntou o motivo da infidelidade: 48% disseram tratar-se, principalmente, de insatisfação emocional; 32%, insatisfação emocional e sexual de igual valor; 13% revelaram outro tipo de insatisfação ou nenhuma insatisfação; e 8% citaram insatisfação sexual como principal causa.

Quando o traído está disposto a perdoar, vê-se diante de um pesadelo emocional e, às vezes, passar a limpo a história de vida com o parceiro e a própria história se torna o principal desafio. “Haverá troca de acusações, crises de ansiedade, irritabilidade. Os homens reagem de maneira mais violenta que as mulheres, mas o processo nunca é fácil. A obsessão de esperar outra traição está sempre lá”, analisa o terapeuta Fábio Caló. Para ele, a reação do traído é muito pesada, “muitas vezes, o trauma pode ser maior que o causado por uma acidente automobilístico, por exemplo. Já que, neste caso, o tratamento causa efeito mais rapidamente”.

O casal Rejane Barbosa e William Martins, ambos de 38 anos e casados há 19, têm opiniões diferentes sobre o  tema. A psicóloga diz que perdoaria um deslize, mas o servidor público garante que não. “Quando um trai, não significa que o outro é totalmente vítima. Acho que a responsabilidade deve ser dividida”, explica Rejane.

“Quando acontece, é porque o casamento já não vai bem. Mas penso que, nesse caso, é preciso separar, e não trair. A princípio, eu não perdoaria de jeito nenhum”, garante William. Pais de cinco filhos, o casal assume que as respostas poderiam ser diferentes se tivessem sido perguntados separadamente. “Cada caso é um caso. Como sou terapeuta, talvez seja mais fácil para mim tentar perdoar”, resume.

Fonte: http://www.jornaldebrasilia.com.br/

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