Uma Importante Descoberta Relacionada a Transtornos de Ansiedade e Trauma

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A pró-proteína PC7 desempenha um papel crítico no cérebro. Afetando certos tipos de desempenho cognitivo.
Tais como: ansiedade, aprendizagem e memória emocional. Além disso, o impacto no surgimento ou manutenção de transtornos de ansiedade.
De acordo com equipe de pesquisadores do Institut de Recherches cliniques de Montreal – IRCM, no Canadá, liderada pelo Dr. Nabil G. Seidah, em colaboração com a equipe do Dr. William C. Wetsel da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. 

Dessa forma, seus resultados podem ter um impacto significativo sobre a regulação do comportamento relacionado com a ansiedade e trauma.

A PC7 desempenha papel crítico em áreas do cérebro envolvidas nas respostas de ansiedade

Os cientistas descobriram que a PC7, o sétimo membro da família pró-proteína convertase desempenha um papel crítico em áreas específicas do cérebro tais como o hipocampo e amígdala.

Essas áreas são importantes para a memória e para reações emocionais estando, ainda, envolvidos nas respostas de ansiedade.

A PC7 é responsável pela conversão de proteínas inativas para os seus estados ativos.

“Nós descobrimos a família de pró-proteína convertases em meu laboratório. E, desde 1996, temos estudado cuidadosamente o seu membro mais antigo: a PC7,” diz o Dr. Seidah, diretor da unidade de pesquisa em Neuroendocrinologia Bioquímica no IRCM.

“Inicialmente, nós não conseguimos encontrar anomalias visíveis em camundongos sem esta proteína. Então, depois de quatro anos de pesquisa sobre esses camundongos knockout, descobrimos que eles tinham perdido completamente toda a ansiedade. Incluindo a reação instintiva que ocorre em resposta à percepção de uma ameaça à sobrevivência”.

Além disso, o resultado de vários testes comportamentais em camundongos sem PC7 revelou que enquanto a memória espacial se manteve intacta, as memórias episódicas e emocionais foram severamente prejudicadas.

Memória episódica pode provocar uma mudança de comportamento, como resultado de um evento.

Uma vez que, a memória episódica é a recordação de eventos ou experiências passadas.

“Nós examinamos a memória episódica por meio de testes como a transmissão social de preferência alimentar (STFP)”, explica o Dr. Wetsel, professor associado do Instituto Duke for Brain Sciences e primeiro autor do estudo.

“Para monitorar a STFP, um camundongo demonstrador, depois de comer uma dieta flavorizada, foi devolvido à sua gaiola para interagir com seus companheiros de gaiola.

“Os camundongos companheiros foram posteriormente testados quanto à sua preferência entre a dieta do demonstrador e uma dieta flavorizada com novo sabor.”

“Camundongos sem a PC7 não parecem preferir a dieta do demonstrador. O que é uma significativa indicação de sua reduzida capacidade de detectar e posteriormente lembrar pistas olfativas presentes na respiração e bigodes do demonstrador durante a interação social entre eles, quando na gaiola”.

Ratinhos sem a PC7 também tinham níveis mais baixos de uma proteína chamada BDNF

De acordo com o artigo publicado em Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS), ratinhos sem a PC7 também tinham níveis mais baixos de uma proteína chamada BDNF.

A qual é composta por proteínas que regulam o desenvolvimento, a função e a sobrevivência dos neurônios.

Vale ressaltar que, a BDNF é um membro da família da neurotrofina.

Aliás, a BDNF é ativa no hipocampo e na amígdala. E é importante para a memória emocional e de longo prazo. Bem como, a aprendizagem e o pensamento superior.

“Os níveis reduzidos de BDNF ativa explicam, em parte, por que os ratos exibiram deficiências de aprendizagem e memória,” diz o Dr. Seidah.

“Além disso, quando nos camundongos tratados com DHF, um produto químico que se liga aos receptores de BDNF, descobrimos que os níveis de BDNF aumentaram e o comportamento foi normalizado”, acrescenta Dr. Wetsel.

Os resultados de um segundo estudo, publicado na Nature, demonstram que a falta da PC7 também resulta em um excesso de dopamina no cérebro

A dopamina desempenha um papel importante na motivação, cognição e recompensa.

Aliás, observe que o sistema dopamina está associado a várias condições neurológicas e psiquiátricas.

De acordo com esse estudo, o especialista em bioinformática Jérémy Besnard da Universidade de Dundee, no Reino Unido, transformou a estrutura de fármacos já existentes, considerados seguros.

De modo que, pudessem ser utilizados para o tratamento de outras doenças.

Ele testou sua nova abordagem modificando uma droga utilizada contra a doença de Alzheimer. A fim de, bloquear a ação da dopamina no cérebro.

“Testamos os efeitos dessa nova droga em camundongos sem a proteína PC7. E fomos bem sucedido em reduzir os níveis de dopamina, o que comprova que a falta da PC7, de fato, resulta em um excesso de dopamina no cérebro,” de acordo com o Dr. Seidah.

“Em conjunto, esses resultados indicam que a supressão da PC7 em camundongos pode ter repercussões importantes em certos tipos de desempenho cognitivo”, conclui o Dr. Seidah.

“Acreditamos que uma droga alvo PC7 poderia aumentar os níveis de dopamina e de BDNF no cérebro, e assim normalizar o comportamento.”

“Esta descoberta pode ser muito importante para uma série de condições relacionadas com a ansiedade e trauma, tais como transtorno bipolar e o  transtorno de estresse pós-traumático. ” ainda, conforme Dr. Seidah.

Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil

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