Sessão de Terapia: como funciona, qual a importância e quando procurar
Desconhecida por muitos ainda, a sessão de terapia, que conta com muitos estudos que a validam cientificamente, ainda é alvo de preconceito. E vários são os motivos alegados pelas pessoas tenham resistência em procurar ajuda psicológica.
Nesse post, o termo terapia se refere à terapia psicológica, também conhecida como psicoterapia.
Afinal, o mito de que “é preciso ser louco ou ter grandes problemas para ir na terapia” é, ainda, muito disseminado na sociedade.
Se buscarmos uma definição para psicoterapia, veremos que ela está ligada ao tratamento de problemas psicológicos, problemas de relacionamento ou problemas relacionados à saúde mental.
Assim sendo, alguém que se veja triste e desesperançoso a maior parte do tempo, alguém que se perceba isolado socialmente ou alguém que esteja com nível elevado de ansiedade poderia procurar o serviço de psicoterapia.
Vale ressaltar que procurar um tratamento psicológico não se restringe a uma minoria de pessoas com distúrbios ou problemas sérios. A sessão de terapia é voltada para todas as pessoas, porque é completamente normal se sentir confuso ou perdido com seus sentimentos, relacionamentos e escolhas.
E essas demandas, menos complexas, se comparadas aos transtornos psicológicos mais graves, são atendidas também numa sessão de terapia. Numa analogia com a consulta médica, você pode ir ao consultório de um oftalmologista para tratar uma irritação nos olhos causada por um cisco ou para tratar um glaucoma. Ambas as demandas serão atendidas pelo profissional.
Porém, o que é e como funciona uma sessão de terapia? Quais o tipos de abordagens terapêuticas? E qual a importância das sessões de terapia? Responderemos essas questões a seguir.
Sessão de terapia: como funciona?
Primeiramente, é preciso entender que existem diferentes tipos de abordagens terapêuticas. Como por exemplo a Psicanálise, Psicologia Analítica ou Junguiana, Psicologia Humanista, Gestalt e Análise do Comportamento ou Behaviorismo.
A psicoterapia pode ser realizada de forma individual ou em grupo, por exemplo, com casais e famílias. A maioria das sessões tem uma duração média de 50 minutos. Entretanto, ela pode se estender por mais tempo, a depender da abordagem, da demanda e do acordo firmado com o terapeuta.
Quanto à duração do processo, há terapias de curto prazo, que lidam com problemas imediatos, resolvendo-se em poucas sessões. Um exemplo de demanda de curto prazo seria uma tomada de decisão profissional sobre sair ou ficar numa determinada empresa.
Porém, há casos de terapia de longo prazo, que trabalham déficits ou excessos comportamentais e emocionais mais complexos. Por isso, tais casos demandam meses de terapia e, até mesmo, anos.
Normalmente, na primeira sessão de terapia, o psicólogo aplica uma anamnese, ou seja, pergunta coisas básicas sobre sua vida. Essa fase inicial é importante para o terapeuta conhecer um pouco suas características e realizar uma avaliação sobre sua situação.
O desenvolvimento do processo terapêutico é feito com questões históricas, situações do cotidiano e a relação entre o histórico e o presente. Afinal, muita vezes, é por meio de situações comuns e simples que se chega às questões mais profundas.
Depois, o terapeuta, além de saber o motivo porque você procurou a terapia, ele buscará saber como tais motivos te afetam. Portanto, para o funcionamento da psicoterapia, é preciso que a relação terapeuta-paciente seja harmoniosa e se estabeleça a confiança.
As sessões, normalmente, são semanais ou quinzenais, mas o tempo de frequência pode variar. O psicólogo irá definir a melhor forma de abordagem para cada paciente, de acordo com sua conduta terapêutica.
Diferentes tipos de abordagem terapêuticas para a sessão de terapia
1. Psicanálise
A psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da mente humana desenvolvido por Freud. Esse campo acredita que muitos dos processos psíquicos são inconscientes. Portanto, as nossas emoções e atitudes são resultados de fatores que não temos consciência.
Esse tipo de abordagem terapêutica usa como principal instrumento a palavra – interpretação. Além disso, tem finalidade terapêutica a exploração do inconsciente, resolução de conflitos básicos e restauração ou transformação global da personalidade do paciente.
Então, durante as sessões, o paciente, auxiliado pelo terapeuta, começa a entender sua mente e a razão de suas emoções.
Além disso, o tratamento com abordagem psicanalista não tem como principal objetivo tratar distúrbios psíquicos. Ele incentiva pacientes a conhecer um pouco mais de si mesmo e buscar novas perspectivas.
2. Psicologia Analítica ou Junguiana
A psicologia analítica ou Junguiana é uma vertente da psicologia desenvolvida por Carl Gustav Jung e tem como objetivo a individuação.
A individuação não é a mesma coisa que individualidade e excentricidade. Esse termo refere-se a um maior entendimento dos fatores que afetam o modo que a pessoa se relaciona com a totalidade de suas experiências psicológicas, interpessoais e culturais.
3. Psicologia Humanista
A Psicologia Humanista é um ramo da psicologia e da psicoterapia que ensina que o ser humano tem em si uma força de autorrealização. Dessa forma, leva o paciente a um desenvolvimento de uma personalidade criativa e saudável.
Essa abordagem da Psicologia, ao invés de se concentrar no lado negativo da pessoa, adota uma visão mais centrada na pessoa e nos seus processos, no tempo que ela, diferente de outras, produz mudanças, se transforma.
Aqui, representamos a cena do psicólogo que estimula a reflexão por meio de perguntas. Ele jamais as responde pelo paciente. Portanto, o silêncio, nessa abordagem, fala muito sobre o processo e sobre o cliente.
Focar e colocar o paciente em primeiro lugar, e facilitar a conquista de todo o seu potencial são características dos profissionais que trabalham nessa abordagem.
4. Gestalt
Gestalt é uma teoria da Psicologia que considera os fenômenos psicológicos como um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua organização interna.
Esse tipo de psicologia acredita que é preciso entender as partes para depois entender o todo. Tange-se a um processo de configurar “o que é colocado diante dos olhos, exposto ao olhar”, dar forma.
Por fim, essa psicoterapia pode ser realizada em grupo e, nesses casos, durante as sessões, é destacada a realização de uma série de exercícios sensório-motores e meditativos. O objetivo desses exercícios é, principalmente, que os indivíduos descubram novas forças existentes em si, para que possam superar as dificuldades.
5. Análise do Comportamento ou Behaviorismo
Essa abordagem da Psicologia é a abordagem utilizada pelos psicólogos do corpo clínico presencial do Inpa. É baseada em conhecimentos científicos e valida a sua teoria por meio da experimentação.
Quando se fala na Psicologia Baseada em Evidência é daquelas abordagens que mais se destaca pelo método investigativo, pelo volume teórico e pelos desenhos experimentais da ciência básica e aplicada que permitem afirmações mais seguras no campo da aplicação.
O teórico que mais produziu nesse abordagem e que é considerado o mais eminente dentre os psicólogos do século XX foi B. F. Skinner.
No entanto, ao contrário do que se fala no meio leigo, essa abordagem considera todos os comportamentos, sejam eles públicos ou privados. Assim, um paciente que deseje abordar o sentimento de raiva da esposa, será considerado e esse pode sim ser um tópico importante de análise na sessão de terapia.
Essa abordagem foca na relação do indivíduo com o seu meio ambiente histórico e presente. Logo, de acordo com a proposta comportamental para mudar algo que uma pessoa faz, pensa ou sente ela precisa mudar o ambiente que a cerca.
Portanto, a terapia proposta por essa abordagem se chama Terapia Comportamental ou Terapia Analítico-Comportamental.
Qual a importância das sessões de terapia?
A resistência em muitas pessoas em começar uma terapia é comum, e cada um tem o seu motivo. Mas entender o processo e seus benefícios são um possível motivador para que o indivíduo busque ajuda de um profissional.
A terapia ajuda em diferentes pontos da vida. Portanto, alguns desses benefícios são:
- Aprender estratégias para diminuir angústia, tristeza, ansiedade e mal-estar psíquico de forma geral;
- Definir e compreender os limites pessoais para não se lançar em contextos “perigosos”;
- Entender a relação entre os comportamentos/ atitudes e o contexto de forma geral. P. Ex. quais os gatilhos para uma reação agressiva? ;
- Autoconhecer-se;
Qual as razões das pessoais (mitos) para não ir na sessão de terapia?
É tratamento de doido
Mito! Converse com qualquer psicólogo ou vá a uma recepção de clínica de Psicologia para constatar que você não verá loucos como pacientes. Desse modo, a incidência de pessoas com algum transtorno de personalidade, coloquialmente chamada de loucura, é mínima, para alguns profissionais inexistente.
Não há sigilo das informações
Mito! Psicólogos possuem um Código de Ética Profissional. Por isso, uma das questões fundamentais do profissional que recebe um paciente em consultório é armazenar dados com proteção (senhas, criptografia, etc) e não divulgar qualquer informação do paciente a qualquer outra pessoa ou profissional, menos que o paciente consinta de forma expressa.
É atestado de fraqueza ou de incapacidade mental
Mito! De acordo com o psicólogo clínico Fábio Caló, com mais de 20 anos de experiência na prática clínica, boa parte dos pacientes que o procuraram nesses anos eram pessoas com grande capacidade intelectual, profissional e pessoal, mas que num determinado momento precisavam de uma opinião profissional para resolver determinado problema ou aprender a lidar com situação imutável. Segundo o psicólogo, é sábio procurar um especialista na área da psicologia porque você acelera processos, ganha tempo e aumenta qualidade de vida.
Vai passar
Mito! Há muitos estudos, principalmente americanos, que mostram que tratar transtornos mentais no início é mais barato do que esperar a evolução do quadro. Quando se tem um diagnóstico, principalmente, há recursos psicológicos e farmacológicos que auxiliam a fazer passar.
É melhor o amigo do que um estranho
Mito. Amigos são pessoas com um compromisso de amizade, de apoio e de cuidado, mas podem, sem querer, manter você numa situação ruim. Isso, porque te ouvem, fazem você desabafar e, por vezes, aconselham baseados na experiência de vida deles. Mas, um psicólogo estuda 05 anos numa graduação, e ainda, pelo menos 02 anos numa especialização para aprender aplicar conhecimento científico em cada uma das sessões de terapia. Amigos podem ajudar, mas não podem conduzir um tratamento psicoterapêutico.
É enrolação, despesa desnecessária
Mito! A Psicologia caminha para demonstrar, mais e mais, resultados nas suas intervenções. É aquilo que chamamos de Psicologia Baseada em Evidências. Portanto, as pessoas que frequentam sessão de terapia remuneram um profissional por resultados que são, claramente, observados. É possível que esses resultados não ocorram num curto espaço de tempo, mas eles vêm.
Afinal, qual a diferença entre terapia e psicoterapia?
Terapia, do grego therapeía, significa método utlizado para tratamento ou cuidado com a saúde. Já o termo “psico”, também do grego psykhé, significa alma. Portanto, psicoterapia seria o tratamento ou cuidado da alma.
Portanto, teoricamente, as duas palavras podem ser usadas para se referir a área da Psicologia.
Porém, a palavra “terapia” engloba um sentido mais abrangente. Portanto, a palavra terapia pode ser usada para mais de uma área como, acupuntura, fisioterapia, homeopatia, entre outros.
Enquanto isso, a psicoterapia, envolve uma área mais específica do conhecimento – a psiquê, emoção ou comportamento humano. A terapia no ramo da Psicologia tem como objetivo promover o bem-estar psicológico dos indivíduos.
E qual a diferença entre psicólogo e psiquiatra?
O psicólogo possui formação de nível superior em Psicologia e pode ser definido como “estudioso da psiquê, da alma a humana”. O psicólogo trabalha sempre firmado e com base numa das abordagens terapeutas, como a Terapia Comportamental, também denominada de Terapia Analítico-Comportamental. O trabalho do psicólogo é feito por meio de anamneses, mediação verbal, reforçamento diferencial e várias técnicas, as quais podendo ser verbais ou não verbais.
Já o psiquiatra é um profissional da Medicina que se especializou em psiquiatria e pode ser definido como “médico do cérebro e dos processos mentais”. O psiquiatra trabalha na identificação, diagnóstico e tratamento medicamentoso das psicopatologias, dos transtornos mentais.
Qual o tempo e a frequência da sessão de terapia e duração do tratamento?
Uma sessão de terapia dura, em média, 50 minutos, podendo ser aumentada em função da necessidade do dia, mas isso precisa ser pactuado com o profissional. Já o tempo de duração de um tratamento psicológico depende de vários fatores:
- Tipo da queixa ou do transtorno mental;
- Características e histórico do paciente;
- Metas do tratamento;
- Frequência;
- Progresso individual do paciente;
- Tipo de metodologia e terapia; e
Há casos que a pessoa se sente atendida na demanda com apenas uma única sessão de terapia. Mas, via de regra, de forma geral, a duração do tratamento é uma questão pessoal, que varia de pessoa para pessoa.
Contudo, em alguns diagnósticos mais leves e quando uma pessoa tem restrição de tempo ou de recursos financeiros, a duração do tratamento pode ser definida já na primeira sessão do tratamento.
O contato com o psicólogo oferece uma nova visão e perspectiva de vida, ajuda a ver situação sob uma perspectiva diferente e ensinar a lidar melhor com os problemas e emoções.
Portanto, a frequência da sessão de terapia pode variar de pessoa para pessoa, problema para problema.
Na maioria das vezes, uma sessão por semana é o suficiente, mas pode acontecer de o psicólogo recomendar mais que isso por semana, ou até mesmo, que as sessões sejam quinzenais.
Quais problemas a terapia pode tratar na sessão de terapia?
A psicologia pode ajudar no tratamento de diversos distúrbios e problemas. A área de estudos é muito ampla e, por isso, por vezes, os profissionais se especializam em específicas patologias específicas.
Dentre os problemas tratados pela psicoterapia é possível listar condições como:
- Depressão;
- Ansiedade;
- Transtorno Obsessivo Compulsivo;
- Transtornos Alimentares
- Transtorno de Personalidade Borderline;
- Transtorno Bipolar;
- Transtornos sexuais, dentre outros.
O que esperar da sua primeira sessão de terapia?
Numa primeira sessão de terapia, espera-se que o paciente seja bem recebido. Isso envolve simpatia e empatia por parte do profissional. Também se espera, diante de abordagens mais diretivas como a comportamental, perguntas, muitas perguntas. Além disso, reflexões são propostas, listas de interesses ou de contextos de sofrimento podem ser pedidos, fotos de familiares podem ser mostradas e um cafézinho pode ser saboreado durante toda essa interação.
O que é proibido na primeira e nas demais sessões:
- Postura antipática e distante do profissional;;
- Julgamento sobre qualquer fala do paciente;
- Silêncio sepulcral no consultório;
- Falta de respeito à história do paciente, qualquer que seja;
Inpa – Instituto de Psicologia Aplicada, Asa Sul, Brasília – DF, Brasil
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